quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Informações Plurais 2


Tiradentes esquartejado,
Século XIX, Pedro Américo
Patriotismo
Alguém disse outro dia, na mídia, que o que falta aos brasileiros é patriotismo. Que brasileiro não ama o Brasil ou ainda que não luta pelo País; não briga e é muito passivo. Mas se formos revirar a história, veremos que não é bem assim. Já andamos atrapalhando bastante o trânsito, mesmo quando eram apenas as charretes....E as tantas revoltas ocorridas desde a época colonial, passando pelo Império e chegando à República? Desde o século XVI podemos apontar vários momentos de resistência indígena, de levantes e guerras contra o estrangeiro europeu invasor. Foram tantas guerras, revoltas, levantes ou revoluções, como muitos apontam, que perdemos de vista o número de mortes. Revolução Farroupilha, Sabinada, Balaiada, Cabanagem, Inconfidência Mineira, Conjuração Baiana, Guerra dos Mascates, Guerra de Canudos, Guerra do Contestado, Revolução Constitucionalista, Coluna Prestes e tantas outras menos famosas, talvez mais sangrentas. Penso que o que falta ao brasileiro não é patriotismo, falta mais é respeito do Estado à Sociedade, ao povo brasileiro. Como amar um país que, só pra falar com clichês, depreda a Amazônia; polui seus rios e nascentes; permite que milhões passem diariamente pelo vexame que é sentir fome; deixa centenas morarem nas ruas; oferece um ensino público com professores mal pagos, em prédios sucateados; promove uma verdadeira guerra civil com centenas de assassinatos diários; usa e abusa do dinheiro público – patrimonialisticamente; não investe como devia em transporte público; cobra as maiores taxas de juros do mundo; tem uma rede hospitalar de péssima qualidade etc. O que falta não é amar mais ou menos o Brasil. Isso os brasileiros sabem como fazer. O que falta, de verdade, é criar mecanismos de punição aos que não respeitam de fato o Brasil e empurram, pra nós, cidadãos, a responsabilidade quando não a culpa, pelos erros, ladroagens e safadezas que os donos do poder – político, econômico, midiático – cometem. Isso sim é falta de patriotismo!

3 comentários:

  1. Realmente, são muitos movimentos revolucionários, mas dos citados no texto o mais recente é de 1932...e o que acontece agora? Conformismo? Impotência? Preguiça? Ou apenas a velha falta de patriotismo??? Antes de culparmos o governo devemos nos questionar: "Quem é o governo? O governo é um grupo de políticos. E quem são os políticos? São pessoas por quem já permemos a fé." Mas se perdemos a fé neles perdemos a fé em nós mesmos, pois eles são antes e tudo brasileiros como o resto. E se perdemos a fé em nós mesmos não começaríamos uma revolução, que diga-se de passagem é um forma ineficaz de resolver problemas, a melhor opção seria uma guerra. Você diz que quem tem poderes empurra a culpa para nós, e rebatemos dizendo que a culpa é deles. E o meu questionamento final vai ser: "Quando é que vamos perceber que nós e eles somos a mesma pessoa?"

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  2. Estava conversando sobre essa questão da apatia do brasileiro. É interessante observar, além dessas revoluções e embates que você citou, a luta pela democracia, a luta contra a inflação, a luta pelo impeachment do Collor. Collor se foi, Itamar ficou, veio o Plano Real, FHC, o fim da hiperinflação, a estabilização econômica e, junto desta, a estabilização do brasileiro, o que mostra que o grande interesse da maioria da população, de AAA à EEE, é em ter dinheiro no bolso e ponto final. Tendo isso, para comprar jatinhos ou pagar crediários, não importa se o Sarney está levando mais ou não. Nem se a Amazônia está sendo desertificada. Nem se o Renan ganhou concessão de rádio. Triste, mas é verdade. Trata-se de uma sociedade cujo único regulador é o mercado.

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  3. Concordo com o ponto de vista do Jornalista literário e deixo aqui meu agradecimento e cumprimentos ao texto do Prof. Ronaldo.
    Apenas gostaria de trazer a tona um discurso muito utilizado por formadores de opinião, que insistem em dizer que as camadas menos abastadas da sociedade são alienadas e não sabem votar "corretamente". Mas e os grandes empresários, executivos e a população das camadas mais privilegiadas? Será que realmente votam como cidadão, pensando no bem de nossa sociedade ou votam como um indíviduo, que visa unicamente seus interesses? Será que realmente são "conscientes" de seu voto?

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