domingo, 6 de junho de 2010

Refazer o futuro - Ronaldo Mathias

"É preciso começar agora a refazer o futuro, sem isso o presente não passará de uma reprise poluída do passado."
Há mais de três décadas a humanidade vem se atentando sobre questões ambientais. Não precisa de muita observação para saber o motivo da preocupação: todos os dias somos alarmados pela mídia sobre um desastre ambiental diferente do mais longínquo local do planeta aos limites da nossa vizinhança: aumento das temperaturas; extensões do planeta ficam a cada dia mais secas e os desertos se alastram; aumento do índice de chuvas passou a provocar graves enchentes; os oceanos aumentam gradativamente suas temperaturas e expandem seu volume pelas chuvas, inundando ilhas e litorais; tempestades violentas acontecem em locais inéditos; além de colheitas perdidas pelas chuvas fortes ou altas temperaturas etc. Tudo isso tem exigido dos Estados, das Empresas e da Sociedade uma mudança mais profunda na sua forma de se desenvolver, gerar riquezas e relacionar-se. Cientistas do mundo todo têm afirmado que o tempo da desperdício e da degradação é incompatível com o equilíbrio e a suportabilidade da vida no planeta. Nosso modelo de desenvolvimento caótico, excludente e intolerante está tornando a natureza esquizofrênica, sem capacidade de resiliência, ou seja, não consegue voltar às condições anteriores sem responder catastroficamente à avaria sofrida. Nunca, então, o Planeta tornou-se tão nosso, porque estamos lentamente nos conscientizando da responsabilidade que temos nas ações mais corriqueiras do cotidiano. Ações que nos obrigam também a repensar, por exemplo, o uso indiscriminado da água e da energia, o consumo atávico de bens duráveis e não reciclados entre centenas de outras pequenas mudanças de grande valor. Assim como o Estado e as Empresas têm a obrigação ética, legal e científica de se responsabilizar pela mudança de suas estratégias de governo e de governança, nós cidadãos, conectados pela vida ao Planeta Terra, também temos o dever, por um lado, de exigir das lideranças políticas, empresariais e comunitárias outra gestão dos bens naturais e, por outro lado, dever de inventar novas condutas no dia-a-dia que não sejam nocivas, excludentes insustentáveis. Sem essa mudança não vai adiantar ter esperança. É preciso começar agora a refazer o futuro, sem isso o presente não passará de uma reprise poluída do passado.

Um comentário:

  1. É no mínimo curioso ver que ainda assim, diante um tema tão sério, cuidar do mundo que é nosso vira consumo e propaganda. Propaganda onde deveria haver responsabilidade e movimento em prol do planeta.
    Ainda é triste que no âmbito de fazer a nossa parte, a nossa parte acaba se restringindo mais ao âmbito das atitudes diárias que da cobrança aos grandes responsáveis, percentualmente falando.

    Mas, não podemos ser pessimistas né professor?

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