quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Democracia, exclusão e sustentabilidade

As sociedades contemporâneas encontram-se num dilema, em razão da globalização econômica e da mundialização das culturas, geradoras de um movimento que conecta o nacional ao hegemônico internacional. A democracia do capital, ou sistema de capital cracia (poder em grego), insurge-se contra qualquer fronteira que ameace a livre movimentação dos lucros. Com isso, nem os limites nacionais dos países de capitalismo hegemônico disponibilizam mecanismos de controle interno de suas democracias. Porém, vem crescendo, em discurso, a importância das práticas sustentáveis como caminho para garantia de um mundo melhor. Melhor pra quem?
A fragilidade dos limites entre nacional e mundial das sociedades contemporâneas expõe ao mundo a variedade de trocas simbólicas que constitui a cultura. O crescente número de migrações entre países revela uma legião de pessoas, atraídas pelo consumo, ofertas de emprego e promessas de liberdade "oferecidas" pelos países mais ricos economicamente. Além disso, mostra a extensão das carências, perspectivas e ambições da população pobre do mundo. O vai e vem de pessoas e a luta por um green card passa ser um problema para os Estados. Tanto os Estados não conseguem deter a entrada de imigrantes quanto outros não conseguem inibir a saída de sua população insatisfeita.
Nos países ricos, os levantes de imigração ameaçam desestabilizar, a todo o tempo, tanto a moral nacional quanto o quadro de emprego, por exemplo. Enquanto isso, os países em desenvolvimento enfrentam o problema de terem que incorporar a lógica global do sistema financeiro sem terem conseguido criar condições sociais, econômicas e políticas de participação efetiva do cidadão nos espaços coletivos, quando muito, consolidaram um capitalismo industrial.
O descompasso entre as políticas públicas econômicas, culturais e sociais das nações entre si aumentam a distância entre as nações mundiais ao recriar, constantemente, estratégias de superação dos entraves desta nova fase do capitalismo mundial. Uma vez que a globalização da força de trabalho - e, em consequência, da miséria - fragilizou os conceitos e práticas de cidadania e etnia, a transformação do cidadão em consumidor buscou igualar as diferenças existentes incrustadas nas vitrines, tornando a temática da identidade cultural uma opção de consumo e estilo.
Nesta direção, as novas configurações do Estado moderno têm propiciado, considerando as peculiaridades de cada caso, um fortalecimento de movimentos de contestação que passam pela afirmação da diferença, calcados em políticas de identidade e políticas do corpo como principal bandeira. Visto de outra maneira, o enfraquecimento do Estado moderno, se assim o considerarmos, pode ser comparado a novas estratégias de controle de uma sociedade globalizada que precisa incluir a diferença para que ela não se apresente como uma ameaça constante. Se por um lado temos que incluir os excluídos, por outro temos que promover a sustentabilidade.
Essa inclusão do outro, do diferente, tem se materializado em todas aquelas práticas assistencialistas, vestidas de políticas públicas, que promovem a curto prazo, e quem sabe a médio prazo, todas as boas ações sociais voltadas para minimizar os danos causados tanto pelo assédio do consumismo desenfreado, quanto pelo abandono, de vez, da dignidade da vida humana. Nesse sentido, o debate sobre sustentabilidade, que tem sido divulgada midiaticamente como capacidade de "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas", torna-se de fato crucial uma vez que se quisermos minimizar os impactos das democracias contemporâneas devemos resolver eficientemente a primeira parte deste conceito, ou seja, "suprir as necessidades da geração presente", caso contrário estaremos bem distantes de compreendermos não apenas o discurso da sustentabilidade como também de criar práticas sustentáveis convicentes para aqueles que possuem, hoje, uma vida insustentável.






2 comentários:

  1. agora vai falar pros EUA fazerem isso.. talvez com o Obama fique um pouco mais fácil, mas não da pra esquecer que ainda sim ele é presidente dos EUA e tem as mesmas obrigações que o Bush (tanto pai quanto filho) a diferença é q ele é mais esperto...

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  2. Acho que o grande problema é que, graças a mídia e a falta de cérebro de algumas pessoas, a sociedade começou a olhar para o tema (sustentabilidade) com olhares de grandes empresas....
    Nos mostraram que a palavra é bonita, o tema está na moda, em pouco tempo ajudará a vender milhões e salvar o planeta. Mas ainda é mto pouco. Dos três pilares da sustentabilidade a economia e o meio ambiente ganharam destaque, mas o principal foi deixado um pouco de lado...o social!
    Em uma das minhas pesquisas para o TCC achei um trecho bacana de um texto que diz os três pilares da sustentabilidade na verdade deveriam ser 4:
    ecologicamente correto;
    economicamente viável;
    socialmente justo; e
    culturalmente aceito.

    Acho que estamos deixando passar o trecho mais importante para o presente, para o momento atual, que é a parte do socialmente justo e culturalmente aceito! Melhor pararmos para rever alguns conceitos, mesmo sendo esse um conceito tão novo (e já tão deformado pela sociedade em geral). Bom para começar 2010 refletindo um pouco...

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