segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Lixo, problema de quem?


Tráfico de lixo - Por Roosevelt Santos Paiva,Diário da Manhã
Engana-se quem pensa que lucrativo seja só o tráfico internacional de drogas, armas e pessoas. Um nicho de “mercado sujo” que cresce de 40 a 50% ao ano, é o tráfico internacional de lixo. De acordo com fontes da ONU, só as organizações criminosas européias lucraram no ano de 2003 mais de 15 bilhões de euros com a exportação das mais diversas espécies de resíduos, tóxicos ou não. Este mercado sujo que trabalha sem maiores formalidades e sem temor algum das autoridades internacionais, funciona com os países ricos e industrializados exportando seu lixo para os países pobres e em desenvolvimento. Com isso, não precisam investir em tecnologias de armazenamento, tratamento e reciclagem de materiais. Estima-se que os países ricos exportem para os pobres cerca de 300 milhões de toneladas de lixo ao ano. Recentemente, o Greenpeace denunciou alguns países da Europa por enviarem 100.000 toneladas de lixo tóxico para a Índia. A ONU denunciou a Espanha por descarregar 18 navios lotados de lixo químico na Argélia. Denúncias dão conta de que os EUA enviaram 20 milhões de computadores inutilizados para a China. E em meados de 2009, o Reino Unido enviou quase 2.000 toneladas de lixo para o Brasil. Felizmente, no nosso caso as autoridades brasileiras conseguiram apreender o carregamento e enviá-lo de volta. Quantos outros contêineres de lixo não desembarcaram em nossos portos, à revelia das nossas autoridades? Muitas vezes, os criminosos mascaram estas exportações de lixo, dando a entender que tratam-se de materiais destinados à reciclagem, o que seria bom para a economia local. Potentes organizações internacionais contratam “testas de ferro” nos países pobres, os quais de um dia para outro abrem empresas de importação de materiais ditos recicláveis e com isso lavam o dinheiro sujo do tráfico. Aquele episódio envolvendo Brasil e Reino Unido deu-se desta maneira. Extremamente necessário que este assunto passe a fazer parte integrante dos encontros nacionais e internacionais sobre meio ambiente, economia e desenvolvimento.

Em tempo. A Convenção de Basiléia (The Basel Convention on the Control of Transboundary Movements of Hazardous Wastes and their Disposal) é um tratado internacional firmado em 1989 que tem como objetivo fiscalizar o tráfico de lixo eletrônico no mundo. O transporte de lixo é uma preocupação desde os anos 80, quando se teve o boom dos eletro-eletrônicos, e o envio desse tipo de resíduo para países em desenvolvimento, principalmente para países asiáticos sem mão-de-obra especializada ou programas adequados de reciclagem. Os EUA não ratificaram a Convenção.

Um comentário:

  1. como sempre, as coisas só funcionam pelo dinheiro e nunca pelo bom senso ou pelo que é certo ou errado..

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